Cesário Verde não amadureceu em vida. A doença e o tempo não o permitiram. Partiu novo, aos 31 anos. “… Como tu tens tempo, meu amigo, para sofrer tanto!…”, escrevia ao seu amigo e confidente Silva Pinto, que lhe publicou postumamente “O Livro de Cesário Verde”, obra rara e disputada pelos bibliófilos, na sua primeira edição.

Há um antes e um pós Cesário. Como haverá outros antes e pós tanta coisa. Mas a Cesário Verde se deve a “expressão poética superior da pequena burguesia lisboeta irreligiosa e republicana” do seu tempo, que se incomodava com a “insinceridade piegas”, que assimilou Baudelaire nas sua viagens por Paris (e Londres), que à luz de Eça, injectou estilo desdobrando a frase, que valorizou o vocábulo escorreitando a poesia, que embalou a leitura entre o pormenor e o horizonte. Fosse porque a sua débil saúde lhe aguçasse a sensibildade, fosse porque não podendo viver apenas da poesia, por ela sofria (mais que pela doença que o consumia).

“… Eu nunca dediquei poemas às fortunas,
Mas sim, por deferência, a amigos ou artistas.
Independente! Só por isso os jornalistas
Me negam as colunas…” (excerto de ‘Contrariedades, em ‘O Livro de Cesário Verde’)

 

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