Quatro velhos sacos de farinha remendavam a vela. Santiago, o velho Santiago, de cicatrizes sulcadas, olhos da cor do mar, coração da cor dos olhos, por vezes sonhava, outras, sorria… Depois, partia também o rapaz que com ele saíra durante quarenta dias sem que um peixe, apenas um, tivessem conseguido pescar. E o velho ali ficava, resistindo, sonhando, sorrindo. Ele e o mar. Ele e as aves que por ali pousavam naquela sua linha de pesca, qual linha de horizonte de onde imaginava África, as suas praias brancas e as grandes montanhas escuras. Ele e toda a imensidão daquela sua solidão.
Ah, pudesse eu ter escrito um livro assim e não seria apenas um mero escrevinhador do dia a dia…

 

(Passa hoje mais um ano sobre o nascimento de Ernest Hemingway.)

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adelino pires

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