Lembro-me dos leilões de livros do mestre Manuel Ferreira, no Porto. Salas cheias, catálogos sóbrios mas meticulosamente preparados, onde cada livro era descrito com o pormenor devido, com devoção, saber e tempo, muito tempo.
O Manuel Ferreira era um Senhor e uma referência. Ele e os seus leilões. Ele e os seus catálogos. Ele e as raridades que trazia à praça. Num dos maiores e melhores leilões dos últimos vinte anos (vários dias, divididos por vários meses), o da Biblioteca do Dr. Laureano Barros, recordo a saudável disputa pela 1ª edição dos “Sonetos” de Antero de Quental, uma raridade, só ao alcance de muito poucos. E eu, com apenas alguns trocos no bolso, lá ia ao rabisco, assistindo com deleite ao desfiar e desfilar daquelas pérolas da literatura portuguesa.
Laureano Barros, grande bibliófilo, era também, quem diria, amigo de Luiz Pacheco.
Hoje, ao pegar nestes “Exercícios de Estilo” do agitador, provocador ou poeta maldito, sei lá, lembrei-me deles. De todos. Do leiloeiro que leiloava os livros do bibliófilo que comprava os livros que os poetas escreviam…
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