E agora, quase a acabar o ano, lembro-me então da Joaquina. Lá, em Portalegre, naquela velha casa daquela velha rua, sempre que lá ia, lá estava ela. Sim, D. Aurora, respondia à minha avó que lhe pedia a água, o bolo finto, os comprimidos de antes, durante e depois ou de qualquer hora, com que sempre foi vivendo e que sempre me lembro de a ver tomar. A eles e à hóstia do dia a dia, louvado seja o Senhor. A Joaquina faria anos por estes dias frios do princípio de Janeiro. Não tinha olho azul, nem sequer bigode, ao contrário da Mari’ Emilia das memórias do Raul Brandão. Mas tinha também um dedo grosso, onde eu me apegava para ir fazer recados à minha avó. Sempre a conheci a sorrir no metro e meio. E, tal como a Mari’ Emilia, “morreu com um sorriso e com um dente, depois de servir uma vida inteira…”.
adelino cp
30.dez.22
Partilhe nas redes sociais
0

Carrinho