Há pedaços de vida que, qual sumo de limão, depois de espremidos parecem caber num copo com duas ou três pedras de gelo. Este livro que vos trago hoje, de sabor amargo, reúne um desses pedaços de uma longa vida de alguém que foi muito para além do que nele se trata.
Jaime Cortesão (1884-19609), médico, político, professor, escritor e historiador, teve uma vida cheia, de dedicação a causas que lhe custaram a prisão e o exílio. São de um desses períodos (1940) as 13 cartas que aqui se reproduzem. Sete são do Forte de Peniche, sendo que as duas posteriores do Aljube para onde fora transferido. As restantes já no percurso para o Brasil onde se exilou durante longos dezassete anos por motivos políticos.
Camara Reys, seu companheiro na Seara Nova é o principal destinatário e é neste epistolário que Cortesão faz nascer António Frois, seu pseudónimo, através do qual escreve, entre outros, Missa da Meia Noite, poema publicado quase na íntegra na Seara Nova nº 689 e nos Cadernos Seara Nova.
Este é apenas um pedaço da sua vida. Qual sumo de limão, agridoce. Dos muitos que a sua vida deu. Há homens assim. É necessário conhecê-los. Cada vez mais.
13 Cartas do Cativeiro e do Exílio (1940)
Biblioteca Nacional, 1987
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