Tenho pena de nunca ter tido aulas de literatura clássica. Se há coisas que faria hoje e que não fiz naquele tempo, essa era uma delas. Agora, nem com o Latim do Zero do Frederico Lourenço lá vou. Dele guardo a tradução da Odisseia da Cotovia, com uma dedicatória a alguém que estimava. E fico-me pela Hespéria, uma pequena Antologia de Cultura Greco-Latina. Folheio outros, invejo quem passou uma parte da vida a ler, estudar, sublinhar, ensinar, partilhar, enfim, a viver mergulhado num mundo que não é o meu. Neste mundo dos outros vamos aprendendo que aquilo que sabemos é infinitamente pouco quando comparado com o saber de alguns. Que nunca se mostraram. Que poucos conheciam. A não ser aqueles para quem a sua vida fazia sentido. E que viviam num tempo, noutro tempo, onde o tempo se contava batendo o pé ao ritmo a que se ia lendo. Em voz alta. Para que os deuses ouvissem. E os homens respeitassem.
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