Ao longo dos anos tive Agustina nas mãos. Quase todas as primeiras edições de todos os seus livros, alguns deles com dedicatórias, verdadeiras pérolas literárias. Por aqui passou um conjunto de belas cartas manuscritas pelo seu punho. Sim, aqui pelo centro do burgo. Muitos não souberam que as tive. Nem tinham que saber. Se aqui não vêm, se aqui não entram, se este, como Agustina escreveu um dia, é um “Mundo Fechado”, por alguma coisa será.
Ontem, dia em que passou mais um ano da sua morte, lembrei-me dela. Das cartas que tive, que me foram passando pelas mãos, que estarão por aí em mãos de bibliófilos e de um ou outro guardião de memórias. Nos mundos fechados só entram alguns. Os que sabem e percebem que há mundos abertos de portas fechadas e mundos fechados de largos horizontes. Assim se procurem. Assim se descubram. Agustina soube e sentiu que assim era. E que assim sempre foi. “Nascia adulta, morrerei criança”, disse ela um dia. Talvez tivesse razão. Antes do tempo.
adelino cp
4.junho.23
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