chego atrasado, mas a tempo. mais abaixo, sei que às nove em ponto os vizinhos dão a volta à chave. todos os dias de segunda a sábado, todos os anos, há dezenas de anos, todos os estados, de espírito, de alma ou coisas assim. tic-tac, tic-tac, é o compasso do tempo a marcar a rotina. e a retina. nem precisam olhar para o buraco que as chaves parecem ter olhos. porta aberta à hora certa. e eu, atrasado, mas a tempo, acerto os ponteiros pelo tempo que demoro a chegar. mas vou chegando, mais cedo ou mais tarde, que vale mais tarde que nunca.
hoje atrasei-me de novo. fui a uma despedida de quem já não poderá cá voltar.

adelino cp | 5.9.2020

 

Partilhe nas redes sociais
0

Carrinho