(Há um ano escrevia isto. Parece que foi ontem…)

Quando, no próximo dia 8 de Outubro aqueles portões se abrirem, nada será como dantes. A missa do adeus aos quatro monges Cartuxos, tornará pequena a Igreja renascentista de Scala Coeli. Quase cinco séculos depois, o Mosteiro, às portas de Évora, deixará para sempre de ouvir o ruído do Silêncio, o Acordar das Matinas quase à meia-noite, a contemplação de quem (muito poucos), assumiu na vida “falar dos homens a Deus e não de Deus aos homens”. Em clausura. No silêncio.

Na história milenar da Ordem, Portugal vê assim partir os últimos Cartuxos. Os quatro últimos. Que entre os 82 e os 92 anos gostariam de morrer aqui, no Alentejo. Mas que, obedientes, partirão algures para outro lado, onde, um dia quando ‘partirem’…“… companheiros de clausura lhes fecharão o capucho branco sobre o rosto para que, ao chegarem à eternidade, possam ver apenas o rosto de Deus…”

E hoje, onde estarão eles? de pés na terra ou já perto do céu? levados não sei bem para onde, confinados numa qualquer fé, ‘velhos’ e gastos de quase um século e de tanto meditar, talvez ainda sobrevivam, talvez… afinal, mais novos que muitos dos que ‘novos’ estarão já velhos de tanto correr…

______________
adelino cp

(* texto baseado em artigo publicado hoje por Christiana Martins no Jornal Expresso; foto de António Pedro Ferreira)

Partilhe nas redes sociais
0

Carrinho